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Mostrando postagens de 2016

COM QUANTOS PACOTES SE FAZ UMA BOA CRISE

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Crise econômica é uma novidade para uma parte razoável do mercado de trabalho brasileiro. Mas, para essa turma que está se aposentando agora, tem até um gostinho de volta à rotina. É um pessoal acostumado a “pacotes econômicos”, panaceias fiscais ou financistas que se encaixam no sofisma “conjunto de medidas capazes de tirar o país da crise”. Isso era comum no Brasil há pouco mais de 20 anos. Os gestores políticos nunca pensam em mudar a estrutura produtiva do país para resolver a crise, porque sabem que vai demorar muito. Porém, a história recente mostra que as mudanças estruturais podem trazer resultados consistentes em menos tempo, porquanto os remendos empacotados só mudam temporariamente as características de uma crise que nunca acaba. O aumento da produtividade é uma das mudanças estruturais da qual não se pode escapar. Significa produzir mais com os mesmos recursos. Se o recurso Internet é importante para uma empresa, a produtividade tende a crescer se a velocidade de c

TRINCHEIRAS E DIPLOMACIA EM BUSCA DE JUSTIÇA

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O gigante Golias nunca quis conversa com o jovem Davi. Mas hoje, num mundo que já viveu tantas lições e transformações, seria mais provável encontrar os dois trocando ideias num almoço de negócios. Foi mais ou menos isso que se viu no último Painel Telebrasil, ao final de novembro. As teles (operadoras de telefonia) falaram dos OTTs (serviço “over the top”, tipo Netflix) como potenciais parceiros, que estão explorando um segmento do mercado. Há dois anos, um só pronunciava o nome do outro para reclamar nos órgãos oficiais. O assunto é particularmente interessante porque esses serviços têm afinidades tecnológicas muito fortes, mas modelos de negócio muito diferentes. A telefonia talvez tenha sido o primeiro grande segmento empresarial a migrar “em massa” para a tecnologia digital. Com as centrais telefônicas de processamento as teles reduziram o espaço de suas instalações em pelo menos 10 vezes. Os custos de operação caíram drasticamente, como também os de manutenção. O público,

AS PROVAS DE FOGO DA INOVAÇÃO

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Inventar uma coisa é uma coisa. Inventar um grande negócio com aquela coisa, é outra coisa. A maioria das pessoas ainda não atentou para essa diferença e acredita que um grande invento é o ponto final de uma história de riqueza. A própria história é cheia de exemplos contrários, alguns bem curiosos. Imagine um filme de época, ambientado nas Minas Gerais, nos tempos da Inconfidência. O poeta revolucionário Tomás Antônio Gonzaga está a declamar seus versos à Maria Doroteia Joaquina de Seixas, sua amada. Ao final, em pleno clímax do romance, ele a convida para tomar um refrigerante. Pois é, você iria achar que virou piada, mas nos tempos de “Marília e Dirceu”, já havia sido inventado o refrigerante. Mais exatamente em 1772, quando o químico inglês Joseph Priestley desenvolveu uma forma de gaseificar a água e fez o primeiro refrigerante. Só cerca de 100 anos mais tarde é que surgiu a primeira indústria de refrigerantes. Então virou um grande negócio, com sede nos Estados Unidos. D

PODER E ÉTICA NO USO DA TECNOLOGIA

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“Desarmado e perigoso”! Se não for o MacGyver, personagem da lendária série de ação e aventura da TV, só pode ser um policial londrino. A tradição da  Scotland Yard , de não usar armas de fogo no policiamento metropolitano de Londres, exigiu do efetivo atributos pessoais e alguns acessórios capazes de intimidar malfeitores. No caso dos acessórios, o mais recente é a câmera de vídeo. Isso mesmo, o que deveria ser equipamento para determinados níveis de oficiais, agora faz parte do uniforme de toda a corporação. Durante o período de um ano em que foram testadas, as câmeras demonstraram quase um “poder de fogo” no policiamento. Num país onde as leis são levadas mais a sério, alguém que se proponha a transgredir vai pensar mais antes de se expor a provas incontestáveis de som e imagem. Não dá para arriscar na criatividade e contrapor a própria palavra contra a dos policiais, diante do juiz. A verdade ou não sobre eventuais abusos de poder dos policiais também preocupa menos, uma vez

OS HERÓIS E A CHANCE DE OVERDOSE

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O que é, o que é? Serviço de uso pessoal que em um ano, no Brasil, teve mais de 29 milhões de contratos rescindidos. Se você disse “linha de telefone celular” você acertou (ou quase!). Muitos até pensaram nisso, mas devem ter mudado de ideia porque, até há pouco tempo, a quantidade de linhas de celular só aumentava. Cair tanto assim, em tão pouco tempo, parece impossível. Mas caiu. É mais uma lei da natureza que se impõe sobre a força da tecnologia e os poderes do mercado. Foram mais de 29 milhões de linhas desativadas. O “quase” é porque as linhas desativadas eram pré-pagas. As pós pagas cresceram em 5,87% no mesmo período, uma boa taxa, mas que não consegue superar, nem de longe, os 14,3% de redução nas “pré”. Um mergulho em alguns números desse mercado vai ajudar no raciocínio: depois desses 29 milhões de linhas desativadas, sobraram no Brasil cerca de 175 milhões de linhas pré-pagas. Representam praticamente 70% da telefonia móvel no país, sendo que os 30% restante são celul

SE QUISER, PODE CHAMAR DE CRISE

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Pensa numa crise! Pois é, o segundo trimestre deste ano apresentou o pior resultado financeiro trimestral desde 1999. Estamos falando do mercado brasileiro de TI, que atingiu essa situação “trágica” ao crescer apenas 2,7%. Isso mesmo, cresceu, mas muito pouco para os padrões deste mercado. A pesquisa realizada pela  Advance Consulting , no entanto, não traz apenas más notícias. No terceiro trimestre, o crescimento já saltou para 4,6%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Taí um setor que desafia até a lei da oferta e procura. Se comparar com as indústrias mais convencionais, como a de petróleo por exemplo, elas têm uma expectativa em torno do quanto pode crescer a demanda de um ano para outro, se vai ser necessário investir mais, ou menos. De certa forma, todos os bens disponíveis podem ser objeto de projeções desse tipo para planejamento dos negócios. Até que um dia uma inovação elimine a necessidade daquele produto, como aconteceu com as máquinas de escrever, com

O APAGÃO EM BRASÍLIA

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Quer dizer que, a partir de agora, quem quiser assistir à TV em Brasília ou em outros nove municípios do entorno, só conseguirá usando um aparelho com sinal digital. Precisa explicar logo porque, nesses nossos dias, falar em “apagão em Brasília” pode virar uma grande confusão. O termo apagão foi quase um palavrão que inventaram em 2001, quando o Governo Fernando Henrique anunciou que a energia elétrica produzida no país não era suficiente para atender a todos. Uma desmoralização que pode ter sido decisiva na eleição do ano seguinte, vencida pela oposição, com Lula. O apagão de agora, ao contrário da concepção inicial do termo, é uma coisa boa. Significa que a população daquela região do Brasil tem o melhor sistema de TV aberta do mundo. E que, as frequências ocupadas por sinais analógicos de TV vão servir para a expansão da telefonia móvel. Fica a dica para os adeptos do “turismo de protesto”. Quem for a Brasília, numa dessas excursões que acaba em acampamento em frente a préd

UM OUTRO JEITO DE ENTENDER A INOVAÇÃO

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Quem inventa as coisas é... o consumidor. Inventor, portanto, é o nome que se dá a quem melhor interpreta o que consumidores manifestam através de suas “assembleias”, ocorridas diariamente em inúmeros locais de uma instituição chamada mercado. Vide o caso das sandálias Havaianas. Foram criadas para ser o calçado mais banal do mundo, a própria identidade do “pé de chinelo”. Era aquela borracha colorida, recortada no contorno do pé, com uma superfície branca (onde logo ficava carimbado o pisão do usuário). Ter uma pele calejada na sola dos pés era o mínimo necessário para calçar uma "chulapa" daquelas que caminhavam diretamente no chão do sítio. Depois ganhou estilo, virou “biquíni de pé”. O povão consumidor percebeu que o colorido da borracha era mais bonito e inverteu as tiras, virou a sola para cima. O fabricante entendeu o novo recado e hoje as Havaianas são exportadas com estampas, lacinhos, frescuras. E a televisão? Começou com o povão das cavernas, produzindo

QUANDO A INFORMAÇÃO PERDE PARA O CONTEXTO

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A gravação em vídeo da negociata foi acompanhada pelo Ministério Público e pela Polícia, o político ou agente público foi flagrado pedindo propina, contando o dinheiro. Depois que tudo foi ao ar, o advogado do corrupto tenta convencer, pela imprensa, de que “o trecho da gravação estava fora do contexto da conversa”. O exemplo é genérico, mas você certamente já viu na mídia fatos idênticos ou muito parecidos, que aconteceram na esfera federal, ou em nível estadual e até mesmo municipal. No Brasil essa é uma possibilidade jurídica – porque juízes acatam argumentos nesse nível – e política – porque tais candidatos conseguem se reeleger jurando a inocência sobre o que foi visto em vídeo por todo o eleitorado. Ou seja, a informação pouco vale, ou até é nociva ao modelo organizacional sobre o qual o país é gerido. O vídeo periciado, onde as pessoas e respectivas vozes são inquestionavelmente identificadas, conversando no idioma nativo e tratando de assuntos nos quais estão envolvi

CAPER ENCERRA O CALENDÁRIO DE FEIRAS 2016

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Oportunidades e Obstáculos formam um “casal” inseparável e isso fica mais claro quando se exibem num tango. O Obstáculo parece poderoso, intransponível, até que a Oportunidade vira de pernas para o ar e surge por cima dele, até cair do lado de fora; ele a cerca, passos circulares e arrastados, desliza o bico do sapato para nem tirar os pés do chão. Mas a Oportunidade gira como uma bailarina e se distancia, exibindo a silhueta para os bons observadores. O enredo desse tango ilustra bem o que aconteceu nesta semana, em Buenos Aires, na 25a Exposição da CAPER –  Cámara Argentina de Proveedores y Fabricantes de Equipos de Radiodifusión . A Argentina, em pleno processo de transição política, ainda enfrenta obstáculos expressivos na economia. Mas no espaço da Exposição, o que mais chamou atenção foram as várias oportunidades. Se preferir chamar de crise o conjunto dos obstáculos, tudo bem, mas vai entrar numa longa discussão sobre a realidade que nossos  hermanos  estão vivendo. A A

PEQUENOS APARELHOS, GRANDES NEGÓCIOS

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Tem aplicativo de celular pra tudo! Mas não pode ter sido o do filme “Missão Impossível”: “-Esta gravação se auto destruirá em 5 segundos.” (poff!!) Pelo sim, pelo não, fica aqui mais uma hipótese, entre as muitas que tentam explicar as “explosões” de alguns aparelhos Galaxy Note 7. As muitas informações nebulosas e desencontradas até dão um clima de filme de ação e suspense, como aqueles que Tom Cruise protagonizou. Já virou até crime federal subir num avião de carreira nos Estados Unidos com um aparelho desses. E os valores envolvidos por conta do episódio estão estimados em US$ 17 bilhões. Sem dúvida, uma bela trama! Não é humor negro, porque nada é engraçado nessa história. Mas o suspense em torno do assunto está ficando cinematográfico. Há mais de 10 anos caíram em descrédito os e-mails com narrativas de explosões de celulares. O consenso que foi se formando era de que algo tão terrível teria maior repercussão, se realmente tivesse acontecido. E agora a gente fica sabendo q

MUITO IMPORTANTE!

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Se o seu time está entre os primeiros do campeonato, cuidado! Ele pode perder este título. Se está entre os últimos, cuidado! Ele pode cair para uma divisão inferior. Também muito importante não esquecer das bactérias ultra resistentes que o excesso de antibióticos está gerando, nem da crise econômica no Brasil, as ameaças do terrorismo internacional, as eleições americanas, a crise dos refugiados na Europa, o excesso de calorias na sua próxima refeição. Tem muita coisa muito importante. Na última semana a mídia divulgou – de novo! – a importância de limpar corretamente a esponja usada na cozinha: todo dia tem de colocar no microondas, em alta potência, por dois minutos. Mesmo assim, a cada semana tem que jogar fora a esponja e substituir por outra nova. Sabe por quê? Porque isso é muito importante. Como os cuidados para andar na escada rolante de um shopping. Também, muito importantes! Assim a gente se convence de que "muito importante" são aquelas coisas que quase

QUANTO MAIS MEXE, MAIS COMPLICADO FICA

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A proposta de recompra de set-top boxes “sociais”, anunciada pelo Ministro Gilberto Kassab, é uma das medidas mais polêmicas hoje no setor. Aparentemente, o Ministro quis fazer um agrado à Eletros, associação que reúne os fabricantes de TV da Zona Franca de Manaus. A Eletros anda meio triste porque não queria mais carregar um software brasileiro, que é obrigatório nos aparelhos montados aqui no Brasil. É o Ginga, aquele personagem da mais longa e confusa “novela” da TV brasileira. Segundo a Eletros, o Ginga encarece cada aparelho em R$ 50,00 e não serve para nada. O Ministro começou explicando à Eletros que não poderia fazer isso, porque há alguns anos, vários documentos assinados preveem a obrigatoriedade do software, que torna os aparelhos de TV máquinas interativas. A questão é que a família Ginga cresceu e as coisas ficaram muito diferentes. A implementação que ainda é obrigatória nos aparelhos de TV é o “avô” do Ginga, muito limitado, quase não conversa. O Ginga C, “neto”

JOGA EM CIMA DA GENI

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Tentaram inventar um mundo livre e veja só no que deu. "Tudo bem, nem é real, são só palavras, imagens, vozes." De fato, a Internet não pode tirar ninguém de onde está e levar a algum lugar perigoso e chocante. Mas provou na prática que é muito pior levar esses lugares e pessoas ameaçadoras até muita gente, ao mesmo tempo. Os milhares de delegacias contra crimes cibernéticos pelo mundo real que o digam. Pela Internet se rouba dinheiro, privacidade, reputações. Gera-se rancores, amores, famílias. A Primavera Árabe, movimento espontâneo iniciado pela Internet, derrubou em cascata antigos regimes antidemocráticos do Oriente Médio. Até dar de frente com o apoio militar russo na Síria e deixar para a Europa a crise dos refugiados. Ainda bem que o lado bom do mundo real trouxe muito mais coisas boas para a Internet. Compensa disparado toda a “neura” virtual. A questão é que a Internet, cada vez mais, vai ser um lugar onde se deve ter muito cuidado. Porque num mundo livre t