Postagens

AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E OS PRINCÍPIOS MORAIS

Imagem
  Tem uma regra prática que pode testar se um serviço público pode ser considerado essencial. É só perguntar se a sociedade pode viver normalmente sem aquele serviço. Por exemplo água e esgoto, energia elétrica, telecomunicações, segurança pública. Dá para viver sem? Mesmo que sejam privatizados, esses serviços sempre estarão sob leis que autorizam o poder público a intervir, se necessário, para mantê-los funcionando. E a internet, é um serviço público essencial? O mundo funcionaria sem banda larga disponível no mercado? Essa é uma discussão que chegou ao auge em 2016, quando Donald Trump revogou o “princípio da neutralidade da rede”. A medida não ameaçou o fornecimento da banda larga, mas permitiu que o acesso pudesse ser priorizado em favor de clientes que pagassem a mais por isso. Agora a FCC – Comissão Federal de Comunicações, dos Estados Unidos, decidiu restaurar o princípio da neutralidade. No final de abril trouxe de volta a legislação criada originalmente nos tempos de Barack O

PAU QUE BATE EM CHICO NÃO PODE BATER NO CHIQUINHO

Imagem
  A primeira experiência que a gente vive com leis é autoritária. Os pais determinam limites e hábitos independentemente da nossa aceitação. O que se justificaria pelo fato de não haver suficiente compreensão naquela idade dos filhos. Pouco depois surge uma experiência “legislativa” mais interessante. Nas brincadeiras, precisamos seguir regras. As regras necessariamente são claras – e, nos permita o Arnaldo, também simples. Regras são a própria brincadeira, o jogo existe por causa delas. Se os participantes não respeitarem-nas o jogo perde o interesse, esvazia. Do universo das brincadeiras surgiu ainda o “café com leite”. Por assim dizer, o estagiário, aquele que vai ser o jogador do futuro. Ele começa a interagir no ambiente das regras, mesmo desconhecendo-as. Na vida empresarial essa experiência da infância guarda lições. Uma das mais importantes é sobre a busca por estabilidade. E dá pra conferir! Se você for a algum lugar onde se brinca de bate lata, pega pega, mãe da rua, queimada

DEPOIS DO MAR ABERTO, UM DIA APARECE A CORDILHEIRA

Imagem
  Quando a Netflix descobriu o streaming encontrou um mercado cujo limite ainda não era possível de se prever. Vários artigos deste blog consideraram essa tese. O empreendimento cresceu muito, precisou criar sua “hollywood particular” para dar conta da demanda. Os grandes estúdios se viram acuados. Mas dessa vez tinham medo do mercado, não da concorrência. Afinal, era o consumo desenfreado de filmes e séries que abria trincheiras para concorrentes por todos os lados. Parece que esse capítulo está acabando. Pelo menos é o que se depreende da fala de Rodrigo Penalva, gerente sênior de gestão de negócios do Globoplay, durante o seminário “Brasil Streaming 2024”, realizado pelo site TeleViva. Segundo Penalva, "estamos em um momento que talvez seja o limite de grau de dificuldade do mercado.” Ele falou ainda em super concorrência pela audiência, tendo de um lado o fechamento de algumas plataformas e do outro, verdadeiros testes de limite de crescimento. Um dado apontado é que, em 2023,

TECNOLOGIA BRASILEIRA NA PONTA DA TV 3.0

Imagem
  A terceira geração da TV digital – TV 3.0 para os íntimos – ainda não chegou ao Brasil. Mas o Brasil já chegou na TV 3.0. Isso quer dizer que já existe tecnologia brasileira lançada para a última geração da TV no mundo. Coisa difícil de se pensar num passado nem tão remoto. Antes a televisão era uma coisa que acontecia entre meia dúzia de emissoras e milhões de aparelhos sintonizados em grandes redes. Nesta última geração a televisão vai passar a existir num ambiente de comunicação onde atuam múltiplas fontes, cada uma delas oferecendo opções de conteúdos e efeitos. Os efeitos, no caso, equivalem a formatos, ou “embalagens” – ou acessórios, se preferir – que apresentam os conteúdos do jeito que cada espectador quer ver. Não, não é complicado. Se fosse nem entrava na roda. Pensou em TV tem que ser simples, ou não emplaca. O controle remoto chegou nos televisores para facilitar. Apertava um botão pra mudar de canal, outro diminui ou aumenta o volume, e ainda tinha brilho e contraste. V

A GUERRA DAS ESTRELAS QUE FOI PARAR NO CÉU

Imagem
O que significa a encarada antes de uma luta? Ainda não se anunciou nenhum campeonato de encaradas, mas não foi por falta de audiência. Muita gente gosta de ver essa “outra luta”. No boxe, a encarada sempre aconteceu no dia, hora e local do enfrentamento, lutadores prontos para mostrar a que vieram. Dali ninguém sai “parecendo” bravo, forte ou corajoso. Só sai depois do último gongo, sem deixar qualquer dúvida a respeito das próprias qualidades. No MMA fizeram do desafio psicológico uma luta a parte. E a utilidade prática desse encontro parece ser puro marketing. Uma forma de chamar atenção, de aproximar o público das estrelas do espetáculo, de alcançar repercussão. O que os lutadores fazem ali é aquilo que, no futebol, chamam de “jogar pra torcida”. Não tem técnica, é só uma graça, sem nenhum propósito esportivo. Lembra bem o que aconteceu há alguns dias entre o multimilionário Ellon Musk e o ministro Alexandre Moraes, do STF. Da parte de Musk, nenhuma surpresa. Ele gosta de agitação,

O PASSADO DA TV ATUAL ESTÁ COMEÇANDO

Imagem
A TV 3.0 finalmente passou pelo tapete vermelho de Brasília. Na última quarta-feira o Ministério das Comunicações e a Secretaria de Comunicação Social abriram o “Seminário de Apresentação da TV 3.0”. Na prática, significa o anúncio oficial da implantação do novo sistema no Brasil. Teve até discurso em tom grandioso, apontando a TV 3.0 como uma “revolução”. O ministro Jucelino Filho, das Comunicações, não economizou na eloquência em frases como “o futuro deve estar mais próximo de nós. A TV 3.0 nos proporcionará novas oportunidades beneficiando não apenas o setor da radiodifusão, mas toda a sociedade brasileira”. Deixou “uma missão para todos nós”, ao citar o esforço que espera do próprio governo brasileiro e do setor de radiodifusão, para que a Copa do Mundo de 2026 seja transmitida para todo o Brasil em 3.0. Para tanto, até o final deste ano ele espera que o Fórum SBTVD, entidade técnica não governamental, referência do setor, defina o padrão brasileiro. O passo seguinte é a escolha d

REGRAS QUE DESORGANIZAM OS SERVIÇOS PÚBLICOS

Imagem
Burocracia é uma prática que tem história. Aliás, o que seria da própria história se não fosse a burocracia? Ela surgiu para organizar e essa é a parte boa. No entanto, você organiza suas gavetas do seu jeito, só você entende. E para organizar uma comunidade qualquer, alguém tem que decidir um único jeito para que seja feito. Por isso a burocracia foi ficando cada vez mais hierarquizada, rigorosa, de cima para baixo. Assim surgiu o lado ruim dessa tentativa de fazer as coisas funcionarem em conjunto. Boa ou ruim, ainda é muito difícil quando se pensa em mexer na burocracia. Não é só no Brasil que burocracia é um palavrão. Quando escolheram esse nome para os sistemas rígidos de organização, foi para avacalhar. Já faz quase 300 anos. Talvez a ideia original de burocracia seja algo tão bom que faça muita gente tentar usá-la para resolver qualquer coisa. Daí o remédio passa da dose e vira veneno. Quando se trata de algo muito poderoso, como um sistema de comunicação de massas, é regra sobr