UM NOME, UMA HISTÓRIA E O MUNDO DOS NEGÓCIOS


Imagine se o chapéu coco voltasse a estar na moda. Isso pode acontecer a qualquer momento, basta passar pela cabeça de um daqueles grandes nomes do mundo fashion. Logo apareceria num desfile de uma prestigiada Maison e a mídia repercutiria mundialmente. E daí? Você vai sair de chapéu coco na rua no dia seguinte?
A maioria não se sente confortável diante de tantos olhares desconfiados. A gente sabe que tudo é negócio, há muitos interesses por trás de milhões de chapéus nas vitrines do mundo todo. Se a moda não pegar, muitos chapéus já terão virado dólares e muitos cidadãos de bem terão virado mico.
Pois o chapéu coco da vez chama-se Yahoo. A marca, que tem um extenso e glorioso capítulo na história da web vem perdendo muito daquela simpatia e originalidade, para se tornar apenas um cinema mudo trapalhão fora de época. Tanto que em breve deve ser substituída pela marca Altaba, nome bem “chapéu panamá”, cowboy dos mais padronizados.
A questão veio à tona no início da semana, quando a própria empresa enviou um documento regulatório para a SEC, a entidade que na Bolsa de Nova York faz as vezes da Comissão de Valores Mobiliários da Bovespa, aqui no Brasil. Para concretizar a venda de parte da empresa vai ser melhor não associá-la às recentes trapalhadas anunciadas na mídia. Porém, por enquanto, ninguém teve a coragem de dizer que vai jogar o nome Yahoo no lixo. E então, pra onde vai??

CADA MACACO NO SEU GALHO

A última temporada do drama Yahoo começou em 2012, com o capítulo em que a bela – e fera – Marissa Mayer tornou-se CEO da empresa. Muita expectativa... e só. Mais tarde veio a notícia da invasão em 500 mil contas de usuários, depois reconheceram outro vazamento, o dobro do anunciado inicialmente. A Verizon, uma das maiores operadoras de telecomunicações do mundo, tinha anunciado no último mês de julho que iniciara o processo de compra do Yahoo. Ora, mas do que se trata exatamente o Yahoo?
Para o público em geral o Yahoo é um conjunto de serviços na web, como ferramenta de buscas, plataforma de blogs e uma rede de portais bem popular. É aí onde estão “os tombos que a empresa leva” ultimamente. Do outro lado, estão “os drinks que o Yahoo toma”, que incluem 15% de participação na gigante de e-commerce chinesa Alibaba, 35,6% da Yahoo Japan, uma empresa próspera que tem o Softbank no controle acionário e mais alguns investimentos.
A Verizon, portanto, por US$ 4,8 bilhões vai ficar com a rede de portais e com a marca Yahoo. Quer dizer que os que navegam por aqueles bits vão estar agora nos domínios da Verizon. A parte rica é que vai mudar de nome para Altaba, e também de ramo, porque vai se tornar uma empresa de investimento.
Antes que você pergunte por quê a Verizon não se interessou pelo lado rico do Yahoo, é bom saber que a tentativa de negociar a bilionária participação no site Alibaba esbarrou em problemas com o fisco americano. Deve-se considerar também que uma rede de portais na Internet tem tudo a ver com uma operadora de dados móveis, como é o caso da Verizon.

TODA GRANDE HISTÓRIA TEM UMA ESTRELA

Um dado curioso foi a repercussão da saída da CEO Marissa Mayer dos quadros da empresa. Assim como a marca, a exuberante executiva é outro patrimônio do qual ninguém tem coragem de se desfazer, mesmo após alguns revezes. No documento regulatório enviado à SEC o Yahoo fala da redução na diretoria da empresa e o nome da loira é citado entre os egressos. Não precisou de mais pretextos para que a foto dela fosse estampada em quase todas as notícias a respeito da negociação.
Marissa tem um histórico profissional que lhe garantiu destaque em publicações das áreas de negócios e tecnologias. Mas não foi exatamente pelo currículo que ela também já foi capa da Revista Vogue, voltada para o olimpo da moda e da beleza.
Tim Armstrong, CEO do AOL – o primeiro portal de Internet adquirido pela Verizon – já manifestou a simpatia pelo nome de Marissa entre aqueles que vão conduzir o Yahoo “em seu próximo capítulo”. Disse ainda que ambos podem “trabalhar muito bem juntos”. Pela trajetória profissional de Marissa, uma empresa de investimentos, como restará a Altaba, não seria seu habitat natural. Já o Yahoo tem tudo a ver com ela. Até porque a marca não é simplesmente “Yahoo”, mas orgulhosamente “Yahoo!”.

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