INOVAÇÃO É PARA DESTRUIR OU CONSTRUIR?


Inovação tem algo meio contra intuitivo: quanto mais rápida, melhor a gente vê. Fica muito perceptível quanto o mundo se transforma em tão pouco tempo. Inovação, oras! E olha, vendo assim, nos detalhes, é um bicho de sete cabeças. Em cada cabeça, uma carinha mais linda que a outra, mas no todo é assustador.

Na primeira metade do século passado, quase numa profecia, o economista Joseph Schumpeter cunhou um termo para inovação que hoje está parecendo mais um conceito: destruição criativa. Genial! Praticamente dois antônimos que se alinham para apontar um significado preciso. Para o economista austríaco o surgimento de uma inovação é a razão suficiente e necessária para que a economia saia de um estado de equilíbrio e entre numa disparada. Lembrando que, do equilíbrio à disparada, tem muita destruição.

O caso mais emblemático, no momento, é a criação Uber destruindo taxistas. Eles formam quase uma nação sem estado, fruto da diáspora automobilística, de um ciclo econômico anterior. Em todo lugar do mundo "ser taxista" é mais ou menos a mesma coisa. Um tipo meio anestesiado, talvez pela necessidade de enfrentar clientes apressados pra chegar onde não sabem exatamente, fora o stress do trânsito, cada vez mais caótico. Então o aplicativo Uber veio para libertá-los dessa rotina estafante. A anestesia volatilizou e eles revelaram a verdadeira face guerreira da "etnia do volante".

Mas conflito mesmo é o que vem pela frente, uma briga de dois pesos pesados. E o "card principal" vai ser aqui no Brasil.

OPERADORAS MÓVEIS X WHATSAPP/FACEBOOK

Elas estão indignadas! As teles, as quatro grandes no Brasil, Tim, Claro, Oi e Vivo já anunciaram que vão à guerra contra o WhatsApp, o aplicativo para celulares do Facebook. Enquanto era só mensagens escritas, tudo bem. A Tim e a Claro até passaram a oferecer acesso gratuito ao aplicativo. Mas quando começaram ligações de voz, o caldo entornou. Em recente entrevista, Amos Genish, presidente da Telefônica, que controla também a marca Vivo, chamou o WhatsApp de "operadora pirata". E prometeu reclamar na Anatel, responsável pelo "arcabouço regulatório".

Os argumentos são criativos. As teles pagam R$ 26,00, sem qualquer zero a mais na direita, para a ativação de cada linha móvel. E depois, a cada ano, pagam mais R$ 13,00. Para quem ainda não está comovido, as operadoras acrescentam que estão permanentemente sujeitas a fiscalização e tem um compromisso de qualidade. Qual? Essa aí, que você comprova todos os dias. E finalmente: o WhatsApp utiliza o número que a operadora coloca no seu celular. Quanto custa um número?

Falta ainda as teles explicarem porque, sendo empresas internacionais, resolveram questionar o WhatsApp justo no Brasil. Seria pelo fato de a Justiça aqui ser muito lenta, o que permitiria longo período de repercussão na mídia, com tantos recurso e contestações? Seria por decisões exóticas que saíram de tribunais brasileiros em outros casos polêmicos? Ou será porque, em nenhum outro país do mundo, o retorno do investimento das operadoras é tão farto?

UM MUNDO QUE NÃO DÁ VOLTAS

A realidade inescapável é que a inovação já criou pelo menos um mundo paralelo, mas que não vai destruir o nosso mundo. É a Internet, ou simplesmente web. Um mundo onde não existe distância, porque tudo está no mesmo lugar e o tempo é mais relativo ainda. As máquinas web, virtuais, fazem coisas que nenhuma outra seria capaz, e fazem muitas coisas que as máquinas tradicionais também fazem. No começo, parecia uma ameaça para as companhias de correio, mas descobrimos que o mundo se comunicava menos que o necessário. Os aparelhos de fax, esses sim, não teve jeito, quase viraram relíquias. Aqueles armários enormes, aquela papelada toda, foi tudo pro outro mundo. Até o quintal das crianças está mais lá do que em qualquer outro lugar.

Num mundo assim, tudo fica mais fácil. Chamar um táxi? Ora, por que não o mais próximo de onde você está? Vídeo locadora é na hora, tem todos os filmes que você quiser. Bibliotecas, museus, mapas pra chegar em qualquer lugar, coisa de outro mundo! Fica assim: daqui acessa lá, faz o que tem que fazer e manda para o mundo de cá. Telefone, por exemplo, lá não tem fio, nem torre. E em breve muitos utensílios também vão vir de lá para este mundo, numa impressora 3D.

Na Terra muitas coisas ainda vão tremer por conta do que acontece lá. Mas não se preocupe. Será sempre melhor aqui pelas incontáveis maravilhas, por exemplo, "aves que aqui gorjeiam", que "não gorjeiam como lá". Nesse particular, a única semelhança é que as maravilhas da natureza são gratuitas, exatamente como muitas coisas que tem por lá.

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