SORTE É PRA QUEM TEM... UM BOM TELEVISOR




Sorte é ganhar sem trabalhar. Um iluminado tiro no escuro, ou uma explicação inquestionável para o inexplicável. Para muitos, é um fenômeno paranormal. Sorte pode não ser nada do que dizem por aí mas, com certeza, é um grande negócio. Dos bicheiros cariocas ao governo federal, dos bingos bem intencionados às máquinas caça níqueis, é muita gente pagando para poucos “magos” enriquecerem e um gaiato ou outro curtirem uns trocados.

Esse delírio social tem o poder de mover as pessoas em direção a atitudes improváveis. Tudo é imprevisível, viciante, compulsivo, tem todos os artifícios para sintetizar fortes emoções. Coisa de cinema! Melhor ainda, de televisão.

Ao longo de décadas a TV explora de várias formas as artimanhas da sorte. E agora as emissoras brasileiras, em tempos de severa crise para o setor, vão jogar a própria sorte em programas do gênero. Foi publicada no mês passado a lei que a Justiça julgou, em 1998, indispensável para que as emissoras de TV fizessem programas de sorteios. Na falta do que regulamentasse a prática, a partir daquele ano os programas foram suspensos. Depois de muita polêmica o atual governo reabriu a possibilidade. E isso pode representar uma fonte de receitas importante para as empresas de comunicação.

A Rede TV foi a primeira a retornar e, de acordo com a coluna de Ricardo Feltrin, do portal UOL, já projeta um alívio nas contas. A coluna afirma que a Band deve ser a próxima a estrear um programa de sorteios, Record e SBT também estariam preparando para lançar em breve. De todas as grandes redes, só a Globo ainda estaria em silêncio.

Depois de 20 anos muita coisa mudou para melhor no caso desses sorteios. A TV digital, a conexão quase permanente com a Internet, via celular, abrem caminho para atrações mais curiosas. Os sorteios não podem envolver valores em dinheiro. A lei autoriza emissoras de televisão, de rádio a promoverem sorteios de prêmios, distribuição gratuita de brindes, realização de concursos. A legalização dessas práticas veio através de medida provisória e, em princípio, previa apenas autorização para as emissoras de TV aberta. Durante a tramitação foram incluídas as emissoras de rádio e muitas outras possibilidades. Isso aumenta a expectativa de uma explosão de sorteios, uma vez que eles já acontecem aos montes pela Internet.

Os interessados pagam para poderem participar e precisam acompanhar a programação para fazer anotações, fotografar códigos e depois responder perguntas. Teoricamente, essas exigências deveriam fidelizar a audiência, mas não é o que se observa na prática. A questão é que, considerando a imensidão de pessoas que podem ser alcançadas por uma emissora de TV, basta uma mínima fração de espectadores, pagando para participar dos sorteios, para somar uma quantia razoável.

Embora poucos associem uma coisa a outra, a nova lei deve representar mais uma grande contribuição para uma mudança muito maior que se anuncia. Ao exigir a interação entre o público e as emissoras, os programas de sorteio vão estimular as empresas de comunicação a investirem em novas tecnologias de interatividade. Vai ser através dessas tecnologias que todo o modelo de negócio da TV aberta deve mudar. As emissoras tendem a se tornar um canal de vendas privilegiado. E aqui não se trata apenas de vender sorte. Mas de tudo que algum dia você já viu num anúncio de televisão. Os programas tipo “camelô eletrônico” podem ganhar um novo impulso e muitas outras atrações podem mudar a cara da TV tradicional. Num futuro próximo o televisor padrão nacional seria do tipo smart, conectado em banda larga de alta velocidade. E serviria para fazer compras, assistir a jogos e grandes eventos ao vivo, acompanhar as notícias e ver filmes e séries por streaming.

Se essas tecnologias, já disponíveis, tivessem sido implantadas há 3 anos, muitos problemas dessa pandemia que estamos vivendo, já estariam resolvidos. Ainda neste ano, a plataforma que a TV Globo deve implantar, vai disponibilizar alguns recursos para educação à distância. Com o sistema que está para ser implantado em breve, o DTVPlay (Ginga perfil D), comercialmente chamado de TV 2.5, as possibilidades vão ser muito maiores. Como o brasileiro é muito ligado em TV, a nova tecnologia deve aumentar em muito a procura por banda larga. E esse aumento de demanda deve viabilizar a ampliação dos meios de conexão, com a consequente redução nos preços

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