ENFIM, A TV RESPONDEU!
O aparelho doméstico que mais transformou a sociedade,
falando sobre tudo, mostrando de tudo, revelando coisas, lugares e pessoas,
agora também é capaz de “ouvir” a audiência e oferecer respostas importantes.
Tecnicamente, isso se chama interatividade na TV, que passa a ser uma realidade
no Brasil a partir de um conjunto de fatores que, há um mês, era absolutamente
improvável. Os detalhes desse evento histórico para a tecnologia brasileira
você pode acompanhar, em primeira mão, nos tópicos a seguir.
A HISTÓRIA, DESDE O COMEÇO
A tecnologia de interatividade passou a ser possível no
Brasil desde a implantação do SBTVD, o Sistema Brasileiro de TV Digital.
Baseado na tecnologia japonesa ISDB, as adaptações brasileiras dotaram o
sistema de uma camada de software em nível de middleware. Trata-se do Ginga,
desenvolvido pela PUC do Rio de Janeiro em parceria com a Universidade Federal
da Paraíba, portanto, 100% “Made in Brazil”. O sistema foi reconhecido
internacionalmente como o melhor middleware entre os sistemas digitais pelo
mundo. Por isso, ou a interatividade na TV, pela TV, aconteceria aqui no
Brasil, ou não aconteceria em outro lugar.
ALTERNATIVA “CHIC”
Nos países ricos a interatividade na TV começou a acontecer
pela chamada “segunda tela”, que são os tablets ou celulares mais sofisticados,
populares e acessíveis por lá. Por aqui já se vê, nas transmissões de futebol e
em vários outros programas, a possibilidade de baixar aplicativos no celular
para quem quiser participar de alguma forma. É a interatividade que está
acontecendo na TV do primeiro mundo, via Internet e que agora poderá ser
realizada diretamente no televisor.
“PREMONIÇÃO?”
As especificações técnicas definidas pelo GIRED para o receptor
de TV aberta digital (também conhecido como conversor digital ou set top box) padrão
nacional é praticamente a mesma do smartBox, conversor digital lançado pela
EiTV no início de 2014. Não é uma coincidência e, quem acompanhou o processo,
sabe que seria impossível se tratar de uma informação privilegiada. É puro
rigor técnico! Entre as startups brasileiras que atuam no setor, a EiTV é a que
mais investiu no desenvolvimento de alternativas Ginga. Para criar o smartBox
nossos engenheiros avaliaram todas as possibilidades tecnológicas e as
funcionalidades mais práticas para a interatividade via TV num país como o
Brasil. A decisão oficial, depois de ouvir especialistas das emissoras privadas
e públicas, de instituições de pesquisas e de órgãos oficiais, confirma
categoricamente que a nossa equipe técnica estava certa.
POR QUE UM PADRÃO?
As operadoras de telefonia móvel, conhecidas como “teles”,
foram ao governo pedir uma faixa de frequência que hoje é ocupada por algumas
emissoras de TV. Como estamos na fase de mudança do sistema analógico para o
digital, as compensações que as empresas deveriam cumprir atingiram até o
direito de recepção da população carente. Ou seja, as teles concordaram em
pagar pelos conversores para as famílias
de baixa renda. Elas formam os 14 milhões de lares atendidos pelo Bolsa
Família. Faltava decidir o padrão do conversor digital que atenderá este
universo formado por mais de 50 milhões de brasileiros, o que ocorreu na reunião
do GIRED realizada hoje, dia 15 de maio, em Brasília (DF).
QUAL É A CONFIGURAÇÃO?
Tecnicamente, um conversor digital pode ser considerado um micro computador
dedicado. A configuração, agora padronizada, estabelece que ele tenha uma
memória RAM de 512 MB, memória flash de 2 GB, duas entradas USB, porta Ethernet
(para banda larga), drivers para modem externo (dongle) 3G, 4G ou mesmo
Bluetooth, além de uma saída HDMI, outra RCA e uma entrada de RF, para conectar
a antena. O fluxo de vídeo para o sinal HD será MPEG4, mas haverá outro MPEG1
para aquela pequena tela usada em traduções para deficientes auditivos. Essa
configuração, com o Ginga C – a implementação mais completa do Ginga – permite
um nível excelente de interatividade na TV, utilizando apenas o controle
remoto.
QUAIS SÃO AS VANTAGENS?
Usando qualquer aparelho de TV, mesmo os mais antigos, um conversor
digital permitirá consultar vagas de emprego, fazer cursos profissionalizantes
produzidos em vídeo, obter orientações de serviços públicos, como previdência,
saúde, FGTS e tantos outros. Isso é o que já está disponível, através de um
pacote de aplicativos produzidos pelo Programa Brasil 4D, da estatal EBC –
Empresa Brasil de Televisão. Muitos outros aplicativos agora podem ser
desenvolvidos e distribuídos via TV, por emissoras públicas e privadas, desde
jogos até resumos de capítulos de novelas. O usuário da TV aberta digital que gosta de baixar aplicativos no celular, no
tablet e no seu computador, agora poderá baixar também na TV. E
descartar, quando não quiser mais este ou aquele aplicativo ou conteúdo.
INTERATIVIDADE 1
Esse nível de interatividade é possível pela TV digital
porque, além do som e imagem do canal que você sintoniza, o sinal da emissora
pode enviar seguidamente um conjunto de conteúdos ou aplicativos que você só vê
se quiser. Pelo controle remoto pode escolher e mandar rodar. Eles ficam se
repetindo o tempo todo na transmissão, por isso esse sistema é apelidado de
“carrossel”. Durante um jogo de futebol a emissora pode colocar no carrossel as
imagens e narração de cada gol que acontecer. Enquanto passa o jogo, pelo
controle remoto você vai poder rever o gol que quiser, quantas vezes quiser.
INTERATIVIDADE 2
A interatividade pode ser mais simples, só com textos
escritos, ou mais sofisticada. Para a interatividade plena precisa ter um canal
de retorno, via Internet. O set-top box que o Governo vai distribuir não vem
com a interatividade plena mas tem todo o suporte para instalar. É só plugar a
banda larga na porta Ethernet ou um modem 3G. O Ginga C tem capacidade para
reconhecer e iniciar imediatamente a conexão. Com isso, o usuário pode
responder a uma enquete em tempo real; participar de uma aula ao vivo,
escolhendo as respostas para as questões que o professor colocar. Desta
maneira, o conversor digital permitirá que o usuário realize quaisquer operações
que exijam receber e enviar informações, tais como consultar o saldo bancário;
responder enquetes em tempo real; participar de aulas ao vivo, enviando
perguntas ou ainda, no caso de um teste, escolhendo as respostas para as questões
feitas pelo professor.
AGORA VAI!
Com um padrão de conversor digital definido agora será possível produzir aplicativos que beneficiarão
pelo menos, 50 milhões de brasileiros, que formam a parcela da população que
mais necessita de acesso à informação e serviços. Isso incentivará o
desenvolvimento de muitos aplicativos, que podem tornar a interatividade pela
TV digital aberta atraente para muitos outros segmentos da sociedade e
possibilitará a criação de um novo mercado para o conversor digital. As pessoas
poderão procurar o conversor digital padrão (ou seja, com Ginga C) em lojas e
até alguns fabricantes poderão embarcar as especificações em seus aparelhos.
Isso poderá representar uma revolução no hábito brasileiro de “utilizar” a TV,
e não mais simplesmente “assistir” à TV.
PRODUTO TIPO EXPORTAÇÃO
O elevado nível de qualidade do padrão brasileiro de TV
digital, o SBTVD, fez com que ele fosse implantado na grande maioria dos países
da América Latina e em alguns países da África. Por isso, os aplicativos que
vierem a ser desenvolvidos no Brasil nessa nova onda da interatividade, poderão
encontrar um grande mercado nesses países. É uma vitória para a Tecnologia
Nacional.
DECISÃO DE GOVERNO
A coordenação de todas as ações de compensação neste mega
remanejamento feito com as teles está a cargo do GIRED – Grupo de Implantação
do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV, formado
por representantes das emissoras, das teles, de fabricantes de equipamentos e
do Governo Federal. Através de ações que o Governo Federal vem desenvolvendo há
tempo, como o Programa Brasil 4D, a interatividade pela TV digital brasileira
se tornou viável tecnicamente. Faltava apenas uma decisão política de
valorização da tecnologia nacional, que é muito mais importante do que uma
simples proteção. Principalmente em se tratando de uma tecnologia brasileira
para necessidades brasileiras. Foi o que o Ministro Ricardo Berzoini, das
Comunicações, acabou fazendo através da representação que tem no GIRED. Tudo
bem que veio “aos 47 minutos do segundo tempo” – houve um acréscimo de duas
semanas na data limite da reunião do GIRED, que acabou definindo só hoje, dia
15 de maio. A questão é que emplacou, os pontos decisivos somaram para o time
da casa.
UM NOME
Nem sempre é assim. Mas no caso da interatividade na TV
digital brasileira houve uma pessoa, em particular, que mais acreditou,
planejou estratégias e ações, entrou de cabeça para que se tornasse uma
realidade. O nome é André Barbosa, Superintendente da EBC – Empresa Brasil de
Comunicação.
Perdão, mandei o comentário no blog errado.
ResponderExcluirAqui o meu comentário.
André Barbosa vem firme ao encontro da interatividade na TV Digital. Como chefe do setor na TV Senado, venho acompanhando de perto essa luta. Estamos ansiosos pela implantação e mudança de paradigma para a TVD Brasileira. Temos consciência da importância de pesquisas e acessos ao material feito pelas TV e em especial para a TV Senado. A participação do Cidadão em decisões no Congresso será de suma importância para o desenvolvimento da Nação e o melhor que será todo Cidadão que desejar, pois a TV chega em 98% dos lares. Parabéns ao grupo que conseguiu a padronização. Vamos em Frente!
César Augusto Resende - MBA em TV Digital e Novas Mídias e Chefe do setor de Multiprogramação e Interatividade da TV Senado.