SORRIA! VOCÊ ESTÁ SENDO CONFUNDIDO


No mercado financeiro informação privilegiada pode representar um crime grave. E não é à toa. Num ambiente onde uma simples nuvenzinha de boatos pode provocar uma grande tempestade, a transparência nas informações empresariais precisa ser preservada à qualquer custo. Um prato cheio de suspense e ação para a literatura e o cinema, tanto em casos de ficção como da vida real.

Um caso recente da vida real reúne protagonistas de primeira grandeza num cenário ideal para uma trama capitalista das mais eletrizantes. Só não tem nenhum privilegiado na história. Pelo menos, por enquanto. No enredo estão a CIA, a mais poderosa trupe de espiões especialistas, o mega investidor Warren Buffett e uma empresa centenária, digamos, de inteligência: a IBM. Os negócios entre a CIA e a IBM já são antigos e os contratos de que se tem notícia são de total transparência financeira. O milionário americano já é um personagem mais novo nesse ambiente de negócios tecnológicos. Há três anos a carreira dele era marcada pelo sucesso em empreendimentos envolvendo corporações gigantescas como a Coca Cola e a rede American Express. Tinha como “tic nervoso” a resistência sistemática às ofertas de papéis de empresas de tecnologia. Mas veio o sucesso radiante da IBM em 2011, sob o marketing da comemoração do centenário da gigante da informática. Acabou derrubando a cisma de Buffet, que ficou com 5,5 por cento da Big Blue por mais de US$ 10 bilhões.

Demorou pouco para que vigorosas trovoadas começassem a estremecer o céu sobre esses parceiros. Elas ecoaram de nuvens conceitualmente virtuais, que representam uma nova realidade no mundo da computação. Tudo começou quando a CIA decidiu ter um sistema próprio de cloud computing, capaz de armazenar as informações que estão transbordando dos seus servidores. Isso foi em meados de 2012 e atraiu 5 grandes empresas de TI "nativas" para a disputa. O contrato estava estimado em US$ 600 milhões de dólares, ao longo de dez anos.

A tradição da IBM como fornecedora de serviços para a agência americana seria o principal fator do favoritismo. Mas a vencedora foi a Amazon. Um negócio onde a grande oportunidade que a IBM perdeu foi de ficar calada. A empresa quis mais transparência e foi à Justiça, inconformada por ter perdido um contrato onde apresentou um preço equivalente a um terço do cobrado pela vencedora. A CIA, sem nenhum dos habituais segredos, mostrou claramente as razões da sua decisão. E o juiz não teve dúvida em concluir que a capacidade da tecnologia IBM para a computação em nuvem é "marginal". Entendeu as razões da CIA para julgar a IBM como uma escolha de alto risco, com qualidade não competitiva de serviços.

Esse é um dos lados implacáveis da inovação. Mesmo que você inove há mais de 100 anos, praticamente não leva nenhum bônus para o novo ciclo do seu setor. Se esse setor for a Tecnologia de Informação, onde inovar é a regra, a tradição pode até se tornar uma vidraça. Afinal, todos vão lembrar da sua idade, quando você tomar aquele "elástico" bem na frente da grande área.

Esse caso da IBM vai deixar lições históricas no mercado financeiro. Não pelo que já aconteceu mas, com certeza, pelo que está por vir. O mercado respira boatos e tem o poder de transformar papéis azuis em mico e reverter a mágica logo em seguida, várias vezes ao dia. Essas ondas desordenadas, que descrevem o sobe e desce das ações, são o próprio jogo. Aos "players" cabe descobrir se a ponta da linha vai virar para cima ou para baixo. Por isso, quanto mais balança o mercado, mais a galera delira. Nessa lógica, é óbvio que uma marola da IBM tem tudo virar um tsunami sob as pranchas dos operadores de papéis.

A palavra é cautela. No mercado financeiro já se fala na "IBM boa e a IBM ruim", correm notícias de cortes de empregos e investimentos. Mas a empresa está sustentando o preço das ações, dentro do que prometeu. O nome de Buffett é, sem dúvida, uma "griffe" entre as corretoras de todo o mundo e entre as cinco empresas que disputaram o contrato da CIA, a IBM foi a segunda colocada. Só saiu vexada porque tinha entrado com um favoritismo muito grande.

Nesse momento, os pessimistas devem estar dizendo que a derrocada do império histórico da TI está se desenhando. Mas, para os otimistas, o que representa uma nuvem marginal, para quem já enfrentou tantas tempestades ao longo de mais de 100 anos?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

OLHO NO LANCE!

QUESTÃO DE PRIVACIDADE

UMA VULNERABILIDADE PREOCUPANTE