O TANGÍVEL E O INTANGÍVEL EM NOVAS VERSÕES



“- Quantos filmes tem aí?”, perguntou o pai, olhando pelo retrovisor.

No banco de trás o Jr. esticou o braço para alcançar a sacolinha da videolocadora. Cinto de segurança apertado, mas ele conseguiu. Começou a contar as fitas: 1, 2, 3. ...


“- Ô pai, aqui tem 5. O meu desenho animado também.”


Aquela fita VHS era um suporte muito prático para transportar um filme até sua casa. Hoje, filmes não são ensacáveis, não andam de carro e nem precisam ser devolvidos na segunda-feira. A digitalização acabou também com listas telefônicas, muitos pontos de táxi, mapas rodoviários, centrais de telefonia, ... Tudo isso funciona dentro da lógica de algoritmos, codificados em circuitos eletrônicos. Essa conversão para o virtual, que gera soluções intangíveis, faz desaparecer até computadores. Por exemplo, os servidores que armazenavam grandes bancos de dados em empresas. Agora esses dados estão “na nuvem”, ocupando apenas parte do espaço de um servidor com capacidade muito maior, em algum lugar do mundo.


Para um território como a Amazônia esse tipo de solução, muitas vezes, é a única alternativa. Não tem como fazer de outro jeito. Principalmente se puder disponibilizar essas soluções em um aparelho tão simples e popular como um televisor. É, agora eles também são digitais. No entanto, isso só vai funcionar com uma estratégia específica. Começa por considerar que o televisor se popularizou tanto porque oferece entretenimento. Um tipo de entretenimento erga omnes, para todos, que se integra à coletividade. Como a novela, assunto comum entre os vizinhos. Essa estratégia de uso tem que conciliar o entretenimento com as outras funções que o televisor vai ter. Mais uma vez, uma missão para os algoritmos.


O sistema que a EiTV desenvolveu é o mais simples que se pode imaginar. Pelo controle remoto, “periférico” conhecido de todos para escolher canais, um botão pode abrir um menu na tela. Ali a interatividade permite, por exemplo, saber os horários das embarcações que circulam nos rios de uma região da Amazônia. Esse serviço já está disponível na Amazon SAT, emissora de TV aberta com sinal digital nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima. A área de cobertura é superior à soma dos territórios da França, Alemanha, Portugal, Espanha e Inglaterra. A Amazon SAT implantou o sistema da EiTV na emissora. Pelo menu de interatividade o telespectador também pode fazer compras. Ou ainda, acessar um canal de streaming com centenas de filmes e séries de sucesso. Outros serviços podem ser incluídos, como cursos on line, vagas de emprego, agendamento de consultas médicas.


De acordo com o site TelaViva o sistema tem outras funcionalidades de interesse mais específico da emissora e das empresas em geral. Por exemplo, o monitoramento da audiência em tempo real, baseado no conceito de medição de audiência da Internet. Para isso, o aparelho de TV tem que ter o DTV Play, nome comercial da versão D do middleware Ginga. Esse tipo de software permite agregar novas funcionalidades ao sistema. O DTV Play vem obrigatoriamente em determinados modelos de smart TVs fabricadas no Brasil. É ele que permite a interação com o sistema que a EiTV implanta na emissora. Assim, quando um televisor com DTV Play é ligado, o sistema recebe dados sobre os canais e programas que estão sendo sintonizados, em tempo real. Esses dados vão para grandes banco de dados. A análise global desses dados permite conhecer os assuntos de interesse de cada telespectador. Desta forma, a cada intervalo comercial, dezenas de anúncios diferentes são veiculados ao mesmo tempo. Cada um deles vai atingir determinado grupo de telespectadores.


Numa região como a atendida pela Amazon SAT esse tipo de funcionalidade tem um efeito de grande importância para toda a população. Ao inserir dezenas de anúncios num mesmo intervalo, o custo de cada anúncio cai bastante. Isso torna a veiculação viável para várias empresas da região. No modelo tradicional seria impossível para essas empresas divulgar seus produtos e serviços numa extensão territorial tão grande. Os reflexos no comércio, serviços e indústria podem ser expressivos, vão aumentar a oferta de empregos e o crescimento de toda a economia.


Para Carlos Eduardo Lopes, diretor de Tecnologia do Grupo Rede Amazônica, "A TV – que já era inteligente – agora ficou mais poderosa com esta capacidade do DTV Play, abrindo um novo mundo de oportunidades para ela".

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