A NOVA BOLA DE OURO QUE PODE ENTRAR EM JOGO


Uma linda jogada! Mas se não sair o gol, de pouco terá valido. O streaming anunciado pela FIFA está exatamente nessa expectativa, entre a grande jogada e o arremate final. Tudo o que não se quer ouvir nesse momento é aquele UUUUUUuuuuuhhhhh... que balança o concreto das arquibancadas, quando a rede não balança.


O FIFA Plus começa como uma plataforma de gratuita. Mas é de se supor que, em breve, alguém vai ter a ideia de passar a cobrar. Neste momento a proposta está como o carnaval que vai acontecer na semana que vem. A sensação pelo que está por vir é boa. Mesmo assim tem algo estranho no ar, alguma coisa está fora da ordem. Quem gosta, está torcendo pra dar certo, mas só vai saber depois que acontecer. O streaming é um procedimento técnico antigo. Mas o modelo de negócio que leva esse nome está marcando a história da Internet tanto quanto o surgimento das redes sociais. Seduziu toda a indústria do entretenimento e as maiores corporações do mundo.


Acontece que o FIFA+ não se encaixa exatamente nesse modelo. Até agora o anúncio é de uma plataforma que vai disponibilizar, principalmente, conteúdos ao vivo. Não é o que acontece entre Netflix e descendentes. E aqui começam os detalhes exclusivos dessa empreitada. Qual outro esporte ou atividade existe em tal profusão no mundo? E ainda, com o potencial de despertar tanto interesse em qualquer lugar? O FIFA+, se passar a ser cobrado, pode vir a ultrapassar a renda que a entidade tem hoje a partir dos ingressos em estádios? Uma final da Liga Europeia, por exemplo, seria possível de ser transmitida ao vivo por streaming? Como ficam os contratos de transmissão entre federações e grandes redes de TV? E se o futebol se revelar, de fato, o streaming ao vivo ideal, poderia a FIFA perder esse negócio – junto com o próprio futebol – para alguma outra grande corporação?


Muita gente pode assistir replays, mas enquanto grande negócio, futebol tem que ser transmitido ao vivo. Caso contrário, seria como se, ao iniciar qualquer filme, o final da trama fosse apresentado antes. As transmissões ao vivo mantêm o interesse pelas partidas em alta. É isso que vai atrair o público para documentários sobre grandes futebolistas, jogos históricos e outros conteúdos para serem baixados. Por fim, se comparar os custos da FIFA com os custos de qualquer produção dos canais OTT, a entidade do futebol mundial leva mais vantagem ainda. Em resumo, pode haver um novo modelo de negócio, a ser trabalhado especificamente para o streaming de futebol. E é de se supor que, neste momento, muita gente que dispõe de muito dinheiro deve estar debruçada sobre isso. A transmissão dos jogos seria até o espaço ideal para vender filmes e séries pelo mundo todo. E não apenas... Por enquanto, quem está encarregada de trabalhar todas essas questões no FIFA+ é a empresa Eleven. Ela vai fornecer a tecnologia para a entrega de conteúdo e o desenvolvimento de oportunidades comerciais.


Gianni Infantino, atual presidente da FIFA, fala no novo serviço como forma de expandir o futebol globalmente e “torná-lo verdadeiramente inclusivo”, uma maneira de “acelerar a democratização do futebol”. Segundo ele, até o final deste ano o FIFA+ disponibilizará 40 mil partidas ao vivo, de 100 federações ligadas às 6 grandes confederações. Cerca de um quarto dos jogos serão femininos e mais de 29 mil entre equipes masculinas. No primeiro mês já vão ao ar 1.400 jogos ao vivo incluindo os de ligas da primeira divisão da Europa. As transmissões serão feitas em inglês, francês, alemão, português e espanhol. A partir de junho terão mais 6 idiomas.


O material gravado que será disponibilizado soma mais de duas mil horas de arquivos, com todas as copas do mundo, também as femininas. Trata-se de um acervo que, possivelmente, só a FIFA possui. Com as novas tecnologias esse material pode ser precioso, tanto como entretenimento, quanto no desenvolvimento de conteúdos para treinamentos. Se esse material todo terá algum tipo de proteção contra pirataria, ou se vai mesmo ser apresentado para qualquer um reproduzir ao bel prazer, é algo para estar atento. Até porque, se a FIFA tem planos de tornar esse serviço pago em algum momento, eventuais cópias que sejam feitas agora podem atrapalhar os negócios futuros da entidade. Por enquanto, é bola pra frente!

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