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Mostrando postagens de agosto, 2019

ME ENGANA QUE EU GOSTO

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A rotina de trabalho no desenvolvimento de novas tecnologias tem efeitos mentais curiosos. Por exemplo, um certo deslocamento das fronteiras do pensamento. Ilusão e realidade, vigília e sono, possível e impossível, tornam-se territórios voláteis, algo como as águas dos rios Negro e Solimões: percebe-se a diferença, mas as coordenadas dos pontos de encontro mudam a cada instante. “-Meu Deus, isso fala!”, teria exclamado Pedro II na primeira experiência que teve ao telefone. No entanto, o que parecia sobrenatural para o Imperador, Graham Bell e outros cientistas viam como resultado exato de uma discreta manipulação de leis da natureza. É que eles lidavam com as novas tecnologias da época. Espanto do tipo está se popularizando hoje com o áudio imersivo 3D do sistema MPEG-H. Desenvolvido no Instituto Fraunhofer de Circuitos Integrados IIS, da Alemanha, o MPEG-H projeta no espaço da sala de TV o arranjo sonoro do ambiente onde o som original foi gravado. Aq

LEVANTA, DÁ A VOLTA POR CIMA... E GINGA

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Ela está voltando a ser um momento quente no inverno brasileiro. É a SET Expo, feira e congresso que ferveram São Paulo nas edições da década passada, com a chegada da TV digital aberta. Nas últimas edições vinha apresentando um relativo esfriamento, por causa da concorrência do  broadband . A banda larga aumentou continuamente a capacidade, trazendo uma Internet com formatos sempre inusitados, com muita diversificação. O modelo de negócios da TV aberta foi envelhecendo. O sucesso do OTT, que bateu de frente com a TV aberta e também com os canais por assinatura, ironicamente, pode ter sido também um dos fatores da previsível retomada das emissoras. Filmes e séries fizeram o consumidor de audiovisual redescobrir o aconchego da sala de casa, o prazer de mergulhar em enredos interessantes ilustrados pela sétima arte. O televisor, como hábito, está reconquistando lugar nos lares. De tal forma que até a festa do Oscar vem perdendo parte de seu brilho. A TV traz as melhor

SE A ONDA É GRANDE, PRECISA SABER SURFAR

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A gestão pública brasileira quer “levar uma vida moderninha”. Nesta semana o MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações em conjunto com o Ministério da Agricultura lançaram a Câmara Agro 4.0 que terá como objetivo “o fomento da implementação de sistemas de Internet das Coisas na agricultura”. A Câmara faz parte do Plano Nacional de IoT (Internet das Coisas), lançado em junho, que inclui também o Programa Nacional de Estratégia para Cidades Inteligentes, nascido em julho. Já está previsto incluir instâncias semelhantes para a Saúde e para a Indústria. Esses dois últimos, ainda não anunciados, são justamente os mais sérios e desafiantes. A saúde e a indústria são muito presentes, de forma mais direta, no cotidiano de todas as classes sociais. Quando a coisa – ou melhor, a Internet das Coisas – chegar nesses setores, técnicos e políticos devem mobilizar mais a opinião pública quanto a erros e acertos do plano. Os mais fáceis, e menos arriscados,

MUITOS BILHÕES E MUITAS INCERTEZAS

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Pode ter mudado muito. Mas em alguns círculos a adolescência ainda acontece daquele mesmo jeito. Por exemplo, o garoto apaixonado. Ele já trocou olhares com a pretendida, tentou alguma gracinha que não foi bem recebida. Até que percebe não ter todo o tempo do mundo, então faz um plano. Na próxima festa da escola, num determinado momento, vai convida-la para alguma brincadeira da gincana, para dançar, algo assim. Ele sabe que ela deve resistir, então planeja uma resposta para cada possível negativa. Chega o grande dia, veste a melhor roupa, faz pose de galã e, antes que se aproxime dela, é a menina que sorri e o convida pra dançar. Ele não sabe o que fazer da sorte com a qual nem sonhou. Para adolescentes é aceitável. Para um país como o Brasil, nunca. Se somos uma democracia adolescente, como alguns dizem, com certeza somos mais ainda uma burocracia obsolescente. Como a nossa idosa “bisa”, confusa, que nos pede algo e, quando trazemos, ela pergunta por que lhe e

A CONTA DOS IMPROVISOS TECNOLÓGICOS DO PASSADO

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Nos anos 70 do século passado a sigla JB teve alguns significados marcantes no Brasil. O Jornal do Brasil era um destacado veículo da imprensa carioca e nacional, João Batista era o general da vez para ocupar a Presidência da República, o whisky JB estava entre os mais vendidos nas boates de destaque ... e o “jeitinho brasileiro” rabiscava uma nova cara para o Brasil do milagre econômico. Por conta do “jeitinho” padrões e normas foram reclassificados como meras bobagens: “- Se podemos fazer o mais fácil, por que complicar?” Favelas “facilitaram” a política habitacional, mais tarde a urbanização de favelas “viabilizou” a infraestrutura – mas não resolveu a segregação e muitas outras carências. Agora procura-se soluções para a violência, que vem de todos os bairros, para o desemprego e tantas outras deformidades. Muitos problemas nacionais de hoje descendem de ajeitadas que foram se acumulando. Quanto mais a ciência avança, mais fica evidente que o jeitinho é an