A MENTIRA TEM PERNAS CURTAS... OU DUAS RODAS


Nós que somos bobos ou eles que são preguiçosos? Essa parece ser a pergunta que falta sobre a "pegadinha da bicicleta". Você pode ter recebido - e até repassado - o vídeo onde é apresentada a Google Self-Driving Bike, uma bicicleta que se move sozinha. O ambiente do vídeo é a Holanda, país onde os moradores mantém a média mais alta do mundo no uso de bicicletas. E onde o Dia do Ingênuo é celebrado em 31 de março, véspera da versão brasileira da efeméride, o Dia da Mentira. No vídeo, de quase dois minutos, a trupe de mentirosos - ou melhor, atores, pra entrar no clima - contratados pela filial Google Países Baixos comenta as vantagens do "invento" para a Economia e até para as famílias. Tudo parece muito sério. A pista de que se trata de uma piada aparece no final, onde é anunciado que a bike estará disponível para vendas somente no dia seguinte, 1o. de abril de 2016. O que torna mais intuitiva a compreensão da piada, particularmente para os brasileiros.

Pra quem tem tanto dinheiro como o Google é fácil ter executivos que riem de qualquer coisa, que torram alguns milhares de dólares com uma piada. Mas a armação surtiu efeitos mais apreciáveis. Mostrou que, quando o assunto é tecnologia, ninguém duvida de mais nada. As pessoas já se surpreenderam tanto com lançamentos inacreditáveis, que algumas barreiras sólidas do bom senso popular acabaram rompidas.

No vídeo, a "bike fake" pode ser acionada pelo celular, mesmo estando a quilômetros de distância. Pelo sistema de posicionamento via satélite ela viria até o dono sozinha, rodando pelas avenidas da cidade. Truques até familiares para quem usa tecnologia, coisas que já foram ditas sobre o carro autônomo que o próprio Google está testando. Com a diferença de que o carro tem um motor para move-lo e consome energia.

SE PARECER MUITO SUSPEITO...


No passado, o bom senso dizia "na dúvida, não acredite". Mas tanta gente já "pagou de ultrapassado", de ignorante, que hoje o cult é acreditar. Se possível, fale o nome de alguma tecnologia que você conhece - preferencialmente em inglês - supondo que ela deve fazer parte do projeto. Vai mostrar que está "up to date" e, se for piada, você é um coió high tech! Já é alguma coisa.

A preguiça do Google, citada no começo, pode estar na possibilidade concreta de se montar a tal bicicleta. O principal desafio seria o motor, cuja ausência nem parece ter feito diferença diante dos olhos arregalados de quem admirava a nova maravilha tecnológica. Mover, em média, 100 kg não deve ser tarefa para um engenho ocultável em uma bicicleta e totalmente silencioso. De resto, tem tecnologia sobrando para montar a bicicleta autônoma. Será que o tal do motorzinho já não poderia ter sido criado? Não teriam sido os custos excessivamente elevados, ou a falta de uma convergência de interesses, os obstáculos ao "ultra pedal"? Se essa dúvida é absurda e na realidade vai demorar demais para aparecer um micro motor tão potente, pode ter certeza de que são muito poucos os que sabem disso. A imensa maioria só vai lembrar que a tecnologia está aí para rasgar paradigmas e também receitas de simancol.

UMA PIADA, MUITAS LIÇÕES


A trolagem do Google pode apontar para outra lição, por sinal, muito mais importante. São as inúmeras tecnologias que já existem, tem comprovada eficiência e segurança, mas não são todos que conhecem. Soluções que muitas pessoas precisam, mas não sabem que existem. E até soluções amplamente conhecidas, que não conseguimos imaginar numa aplicação muito diferente. Por exemplo, o uso de sistemas GPS em instrumentos cirúrgicos minúsculos, que agora permitem intervir em partes do cérebro humano antes incessíveis; sensores tipo kinect que saíram dos jogos e aperfeiçoaram vários tratamentos fisioterápicos, para recuperação de movimentos.

Uma tecnologia que mereceu um esforço especial de desenvolvimento na própria EiTV é a armazenagem e distribuição de vídeos na nuvem por meio da plataforma EiTV CLOUD. A equipe de engenheiros da casa criou uma série de aplicativos voltados para usos que o mercado não previa. E a reação é de absoluta surpresa. A redução de custos e aumento na eficiência para as mais variadas necessidades tem atraído clientes até em países desenvolvidos. Uma micro empresa pode elaborar treinamentos direcionados para diferentes departamentos. Os funcionários acessam cada vídeo de qualquer lugar do mundo, pelo celular, tablet, pelo microcomputador ou numa smart tv qualquer. E ainda interagem nas atividades, recebem feed back sobre o desempenho. O administrador terá os relatórios que escolher e pode direcionar cada vídeo individualmente, em grupos, definir sequências, horários de início ou final de exibição. A operação é tão simples como navegar no Facebook. O custo varia de acordo com o espaço ocupado na nuvem, portanto é escalonável.

Outros aplicativos podem ser utilizados para vendas, dinamização de redes de usuários voltados para fins específicos - por exemplo, para atividades físicas, redução de peso, cultos religiosos - sempre com a possibilidade de integração às redes sociais. Quem imaginaria que já é tão fácil colocar no ar uma "emissora de TV" própria, aberta ou por assinatura, escolher seu público, direcionar mensagens e interagir com a audiência? Tudo isso usando apenas um notebook ou qualquer outro computador. Com certeza, muito mais útil do que bicicletas autônomas ou até voadoras.

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