"MÃO PRA CABEÇA!" SEU COMPUTADOR ESTÁ SENDO INICIALIZADO



O Brasil tem hoje mais de 150 milhões de computadores, segundo a última pesquisa da Escola de Administração FGV. Em média, a cada segundo um computador é vendido no país. No entanto, se você quiser comprar capas para cobrir a torre, o monitor e o teclado, vai ter dificuldade em encontrar quem venda. Há 20 anos, as capas eram acessórios obrigatórios nas empresas. Uma recomendação técnica dos especialistas que chegou a balançar o emprego de alguns funcionários mais distraídos.

Na cibernética, até as lendas são rápidas. Quase todo mundo cai numa, quase todo mundo nega. Mas não tenha dúvida de que isso vai continuar acontecendo. O computador é a janela do foguete onde estamos sentados, de onde olhamos o que vem chegando. E é por esta janela que entram em nossas vidas as coisas mais surpreendentes e ameaçadoras.

As primeiras gerações a receberem os computadores no escritório, em casa, tinham uma reação curiosa. Uma geração que vinha de uma relação muito diferente com qualquer tipo de máquina. Sabia-se que operar erradamente uma máquina levava a algum tipo de prejuízo, como uma avaria, ou até poderia provocar um machucado. De repente, aquela nova máquina era a primeira que saía dos filmes de ficção científica e caía na nossa escrivaninha. Tinha que assustar! Mas o computador veio para ser algo que até pode ser operado erradamente. O que ele não admite é ser operado ingenuamente.

Começaram a aparecer os vírus. No começo, circulavam pelos disquetes (quem não ouviu falar em disquetes, favor procurar no Google). Depois, com a Internet, criaram asas. E dentes, boca de dragão, tudo que possa representar ameaças assustadoras. A mais recente dessas ameaças - ou uma das mais momentosas - é da família ransomware. Trata-se de um malware que, ao infectar seu computador, tem o poder de criptografar todos os arquivos que encontrar. Pronto, eles estão sequestrados, correndo o risco de serem liquidados. No capítulo seguinte um hacker faz contato com você pedindo um resgate em dinheiro - alguns exigem pagamento em bitcoins - para liberar a chave que lhe permita ter seus arquivos de volta. Se você achou engraçado, abra os seus diretórios de arquivos e comece a pensar como ficaria a sua vida se tudo aquilo desaparecesse agora. Se continuar rindo não conte para os seus amigos, eles vão achar que você não faz nada sério na vida.

Para aqueles que se assustaram, poderia ser recomendado acender uma vela, pendurar uma fita do Senhor do Bonfim no monitor ou até comprar uma capa de computador a prova de ransomwares. No desespero, muitos seguiriam as recomendações. Mas como se trata de um assunto muito sério, é melhor você perguntar para o gestor da rede da sua empresa o que pode ser feito. Se ele disser que trata-se apenas de um vírus que fecha a sua tela e pode ser eliminado com um simples software de segurança, peça para ele fazer o teste imediatamente. Porque esses foram os primeiros ransomwares, que circularam há alguns anos e eram apenas um blefe. Os atuais são perigosíssimos.

A mídia especializada já fala de uma versão desse tipo de malware chamada CryptoWall. De acordo com uma pesquisa da Dell SecureWorks, ele já teria infectado cerca de 625 mil sistemas e criptografado mais de 5,25 bilhões de arquivos desde meados de março deste ano. Uma vítima desesperada dos EUA teria pago aos hackers US$ 10 mil. A média dos resgates é de US$ 500 a US$ 1.000. Quadrilhas já faturaram muitos milhões de dólares nesse novo tipo de delito. E muito dinheiro ainda vai rolar, entre bandidos e mocinhos, aqueles que vendem proteção a todos nós, que já aprendemos a fazer de tudo com microcomputadores, mas ainda não acostumamos a gravar backups sistematicamente.

Não importa quantas vezes vamos ser objeto das gozações alheias. O computador continuará trazendo ameaças, as mais diversas e curiosas. Imagine, por exemplo, uma tela hipnótica que tenha o poder de sequestrar a sua libido. Ou ainda, uma melodia que tenha a capacidade de aumentar a vontade da sua sogra falar. Se acontecer, não conte a ninguém, mas leve em consideração cada possibilidade dessas. Prevenir é indispensável. Afinal, mesmo que você visse alguém de capa preta por aí, com um plug instalado na nuca, não deveria se iludir. Do jeito que andam as coisas dentro dos computadores, mesmo que esse alguém de capa preta seja o Neo, de Matrix, ele vai se recusar a correr os riscos que hoje trafegam por aqueles nanicos circuitos.

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