A FORÇA DO PENSAMENTO
Com a sua licença, vamos propor uma experiência diferente,
mas muito simples. Estique seus braços para frente, como se fosse tomar o
volante de um carro. Em seguida, abra as mãos e agite, como se elas estivessem
molhadas, e você tentando seca-las. Observe cuidadosamente o que acontece
enquanto você balança suas mãos com os braços esticados. Mentalize algo e veja
se aquilo não se projeta no mundo real, mesmo que de forma sutil. Algo vai
acontecer em muito pouco tempo! No mínimo, você vai pagar um mico.
Não se intimide. Sua experiência tem bases globais, de
Primeiro Mundo. Bilhões de pessoas assistiram, pela TV, aos torcedores
holandeses, milhares deles, repetindo o mesmo gesto. Foi durante a disputa de
pênaltis contra a Argentina, na semi final da Copa do Mundo do Brasil. Toda a
torcida da Holanda em pé, com braços esticados, mãos tremulando, querendo
secar, sim, a Argentina. Entre eles um sorriso, como se fosse só brincadeira.
Mas ninguém abaixava as mãos! Se não aconteceu da forma mentalizada, pode ser
por inexperiência dos europeus, tradicionalmente céticos. Mas em países como o
Brasil, vanguarda da metafísica, experiências desse tipo são mais
significativas e consistentes.
Esse imperativo cósmico se impõe desde a infância. Não
apenas pela sugestividade dos contos árabes de Sherazade, mas também pela
versão americana do mágico Merlyn, da Disney. Mãos e braços se movem de
variadas formas para alcançar efeitos arrepiantes, que as crianças repetem diante
dos adultos. Com muito pouco a mais, só com um leitor Kinect instalado, já
realizam maravilhas em desafios virtuais.
Foi mais do que messiânica a obra do Psicólogo e Linguista
francês Pierre Weil, radicado no Brasil, quando escreveu o livro "O Corpo
Fala", em parceria com Roland Tompakov. Tanto que a tecnologia Kinect,
desenvolvida pela Microsoft para os consoles X-Box de videogames, já traduz
alguns dos idiomas mais divertidos falados pelos nossos músculos e esqueletos.
Muito além dos efeitos virtuais que descreve nos ambientes dos jogos, a Kinect
está sendo associada a muitas outras tecnologias, para solucionar antigos
problemas, num passe de mágica.
A Bloomingdale, loja de departamentos americana, desenvolveu
um aplicativo com Kinect que permite aos clientes experimentar calças jeans sem
que precisem vestir cada uma delas. Para as mulheres, principalmente, é uma
maravilha. "Derrubam prateleiras" inteiras em poucos minutos. O
sistema capta as formas da cliente que, em seguida, através de acenos, seleciona
roupas que são aplicadas virtualmente sobre seu corpo. Ela pode girar a imagem
para conferir cada ângulo em que será observada vestindo a calça. Até selfies
podem ser feitos, se quiser pedir opiniões mais tarde para as amigas.
O aplicativo da Jintronics é bem mais sério, embora tenha
sido desenvolvido até para provocar risos. Ele combina exercícios de
fisioterapia com jogos divertidos, que aumentam a motivação dos pacientes. Em
pouco tempo foi constatado um grande aumento de pacientes que cumprem rigorosamente
as sessões recomendadas. O aplicativo também transmite o desempenho de cada
paciente ao respectivo médico, em tempo real, para avaliar os progressos
alcançados e a efetividade do tratamento. A Síndrome de Dravet, uma doença
caracterizada por convulsões que precisam ser assistidas, tem o tratamento
muito simplificado pelo sistema que usa a tecnologia Kinect. Ele é capaz de
detectar os sinais de uma convulsão iminente e avisar o cuidador que, até o
aviso, poderá descansar tranquilamente.
É este verdadeiro "lego" de tecnologias,
combinando sistemas independentes, que pode gerar soluções inesperadas. Quem
sabe a solução que você procura já não está por aí, espalhada em pequenos
engenhos, esperando um olhar mais curioso da sua parte. Só não se esqueça de
avaliar com profundidade cada detalhe técnico e testar exaustivamente. Por
enquanto, a grande força do pensamento conhecida é o raciocínio lógico combinado
com a criatividade. Confiar apenas nas avaliações subjetivas, do tipo
"significativas e consistentes", sem se preocupar com números e dados
concretos, pode acabar em prejuízos. Os números reais do seu esforço um dia vão
aparecer, e podem virar um vexame. Que digam aqueles que viram o 7 x 1 no
placar, debaixo de um monte de mãos estendidas e tremulantes.
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